Pedro Celestino no Congresso
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“A Lava Jato está esfacelando a indústria nacional", afirma Pedro Celestino

(BdF) Para presidente do Clube de Engenharia, se Petrobrás for destruída, estrangeiras vão se apossar do petróleo brasileiro. Pedro Celestino é engenheiro civil, especialista em transportes, e comanda há mais de 40 anos uma empresa de engenharia consultiva. Por anos, foi presidente do conselho da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que administra 60 aeroportos. Hoje é presidente do Clube de Engenharia, instituição às vésperas de completar 135 anos de existência. Em entrevista ao Brasil de Fato, Celestino afirma que a Petrobras está sendo alvo de desmonte e deve ser defendida pois é a âncora do desenvolvimento industrial brasileiro. Para ele, os desdobramentos da Operação Lava Jato estão levando ao desmantelamento das empresas nacionais e de tudo o que foi desenvolvido nos últimos 60 anos.

Brasil de Fato: O que está acontecendo com a indústria brasileira, com o avanço das investigações da Operação Lava Jato?

Pedro Celestino: A Operação Lava Jato tem como fundamento aparente a apuração de corrupção mas o resultado disso é o esfacelamento da indústria aqui instalada. Eu uso sempre como exemplo o que está ocorrendo com a Volkswagen, que fraudou mais de 10 milhões de clientes no mundo inteiro, está pagando multas bilionárias, perdeu presidente, tem diretores processados, mas não deixou de produzir um veículo nesse tempo. O que estão fazendo no Brasil é acabar com empresas que tem mais de 60 anos de contribuição ao desenvolvimento brasileiro e empregam centenas de milhares de pessoas. Nós do Clube de Engenharia somos a favor do combate a corrupção mas não podemos nos silenciar diante do que está acontecendo no país.

Brasil de Fato: Qual a importância de preservar as empresas nacionais?

Pedro Celestino: É bom ilustrar essa pergunta com uma experiência prática: Noruega e Nigéria. Os dois eram países pobres que tiveram o petróleo como principal fonte de desenvolvimento. Mas a Noruega se pautou em um programa de desenvolvimento que privilegiava a produção nacional, Nigéria só privilegiou empresas estrangeiras. Hoje a Noruega é um dos países com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta. Já a Nigéria é um dos países mais miseráveis, apesar de ser um dos principais produtores de petróleo do mundo. Se a Petrobrás for destruída, as empresas estrangeiras vão se apoderar do nosso petróleo, sem compromisso de prestar qualquer contrapartida em termos de transferência de tecnologias, geração de empregos e pagamento de impostos.

Brasil de Fato: Na última licitação aberta pela Petrobras para retomada das obras do Comperj, apenas empresas internacionais foram convidadas. Qual a sua avaliação sobre os caminhos que levaram a Petrobras a tomar essa atitude?

Pedro Celestino: Empresas estrangeiras que não possuem sequer uma fábrica no Brasil. Se tivessem instaladas aqui o problema seria menor. Os acordos de leniência são necessários para que as empresas possam trabalhar. Mas mesmo com o acordo assinado a Petrobras se recusa a aceitar. Então podemos ver que o objetivo não é recuperar nossas empresas e sim destruí-las. O que estão fazendo é menosprezar as empresas brasileiras e deixar de lado o que se acumulou no país ao longo dos anos, por conta de uma visão mesquinha da direção da Petrobras. Querem comprar onde for mais barato. E ai? Só vamos comprar da China então? O que vai acontecer com o brasileiro?

Brasil de Fato: Nesse sentido, acredita que está havendo um desmonte também da engenharia brasileira?

Pedro Celestino: Com certeza está havendo um desmonte da engenharia brasileira. Não só da engenharia mas de tudo o que foi feito no país nos últimos 60 anos. Do jeito que as coisas estão caminhando, vamos voltar à condição colonial, de produtores de grãos, carne e minério.

Brasil de Fato: O que está acontecendo com o processo de capacitação que estava em curso no Brasil? Tudo isso fica paralisado diante desse cenário?

Pedro Celestino: Está indo tudo para o ralo. Esse governo que ai está não tem interesse em desenvolver capacitação técnica nacional. Ele não dá a menor importância para o desenvolvimento do conhecimento. É um governo obscurantista.

Brasil de Fato: Como preservar empresas nacionais diante de escândalos de corrupção?

Pedro Celestino: O que temos que fazer é uma ampla aliança entre o capital produtivo e os trabalhadores. Precisamos exigir do governo que haja uma política de desenvolvimento para o país, medidas que sustentem o emprego, uma medida mais drástica para diminuição da taxa de juros. Precisamos ainda lutar pela manutenção do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), que também está na mira desse governo.

por Mariana Pitasse
brasil de fato

  

Texto: Primeira edição publicada na Revista Manutenção sob licença Creative Commons  Licença Creative Commons {japopup type="ajax" content="http://www.revistamanutencao.com.br/licenca/by-nd.html" width="800" height="600"}{/japopup}
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Fauzi Mendonça

Engenheiro em Eletrônica

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Fundador, Diretor Editorial e Colunista da Revista Manutenção, escreve regularmente sobre diversos assuntos relacionados ao cotidiano da Engenharia, Confiabilidade, Gestão de Ativos e Manutenção.

Desenvolvedor Web e Webdesigner, é responsável pelo design, layout, diagramação, identidade visual e logomarca da Revista Manutenção.

Profissional graduado em Engenharia Eletrônica com ênfase em automação e controle industrial, pós graduado em Engenharia de Manutenção, pela Faculdade Anhanguera de Tecnologia (FAT) de São Bernardo e em Engenharia de Confiabilidade, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Profissional atua há mais de vinte (20) anos com Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, onde edificou carreira profissional como Técnico, Programador, Planejador, Analista e Coordenador de PCM.


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