Enviar no Whatsapp
Enviar no Linkedin
Enviar por email
Compartilhar
RESUMO
A prática de manutenção vem contribuindo na busca das empresas em manter sua posição no mercado, isto deve-se principalmente ao elevado custo resultante das atividades de manutenção corretiva, preventiva, retrofitings entre outros. Em um projeto de manutenção realizado em uma subestação elétrica de uma empresa, o tempo estimado para cada atividade deve ser o mais próximo do real de execução, pois muitas vezes o desligamento não depende apenas da empresa, mas também da concessionaria de energia, ou seja se o tempo total solicitado é de 4 horas de trabalho, por mais rápido que tenha sido efetuada a manutenção, ainda assim será aguardado o tempo de parada previsto, ou seja durante projetos de manutenção a estimativa de duração das atividades, possui caráter vital para o sucesso do projeto. O artigo apresenta, as técnicas utilizadas durante a etapa de planejamento de duração de atividades, apresentando seus valores e características.
PALAVRAS-CHAVE
Gerenciamento de projetos, gerenciamento do tempo, duração de atividades, técnica de três pontos.
1 - INTRODUÇÃO
As paradas de manutenção são necessárias dentro do processo produtivo de uma empresa, a partir destas paradas podemos realizar reparos em máquinas e equipamentos, que nem sempre estão aptos ou disponíveis a manutenção, são casos como subestações de energia, compressores entre outros. Estes equipamentos necessitam de vários cuidados a serem tomados antes da parada ser executada, são fatores internos e externos à empresa onde será realizado o
trabalho. Por este motivo, o tempo de realização das atividades deverá ser preciso, sendo um planejamento executado de forma a ter sobre controle o tempo total de execução das atividade. Para dimensionar estes valores, existem técnicas que auxiliam durante a fase de planejamento do projeto a estimativa da duração de atividades, possibilitando que o tempo de execução seja o mais aproximado possível do tempo previsto. O processo de estimar a duração de atividades, nem sempre possui dados confiáveis, a ausência de históricos de manutenção também interfere nesta estimativa, pois muitas tais dados podem ser obtidos com base na “lembrança” de pessoas que já realizaram tais serviços anteriormente.
Entretanto quando a estimativa, baseada na opinião de pessoas que já realizaram tais manutenções é aliada a uma técnica comprovada, estes valores podem se aproximar do tempo real de execução.
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para melhor entendimento do conteúdo a ser abordado, deve-se entender um pouco mais sobre os conceitos de manutenção e gerenciamento de tempo no projeto.
2.1 - Tipo de Manutenção
As técnicas de manutenção, fazem parte do processo de gestão da manutenção. Necessitamos conhece-las bem para aplica-las aos ativos de forma eficaz (PEREIRA,2009).
Os principais tipos de manutenção utilizados são apresentados na Figura 01.
Figura 1 - Tipos de Manutenção
Fonte: TROJAN apud ABRAMAN (2013)
2.2 - Paradas de Manutenção
As paradas de manutenção, atualmente são vistas como pontos estratégicos dentro do ciclo operativo da empresa, (PINTO,2012) diz que as fases de manutenção e operação terão por objetivo garantir a função dos equipamentos, sistemas e instalações no decorrer da sua vida útil e a não-degeneração do desempenho. Os projetos de paradas de manutenção, são em síntese manutenções de grande porte (numero elevado de recursos), ou manutenções críticas. Tais intervenções quando executadas devem ser planejadas para que as falhas no planejamento sejam nulas. “A manutenção deve ser organizada de tal maneira, que o equipamento ou sistema, pare de produzir somente de forma planejada” (PINTO, 2012).
2.3 - Gerenciamento do tempo do projeto
De acordo com (PMI, 2013), estimar a duração de atividades, é o processo de estimativa do número de períodos de trabalho que serão necessários para terminar atividades específicas com os recursos estimados.
Figura 2 - Gerenciamento do tempo do projeto
Fonte: (PMI, 2013)
Como o artigo apresenta um processo de estimativa de duração das atividades, deve-se considerar que os processos de, 6.1- Planejar o gerenciamento do cronograma, 6.2-Definir as atividades, 6.3 - Estimar os recursos das atividades, já foram previamente executados.
2.3.1 - Definir as atividades
Para o (PMI, 2013), Definir as atividades é o processo de identificação e documentação das ações específicas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto. O principal benefício deste processo é a divisão dos pacotes de trabalho em atividades que fornecem uma base para estimar, programar, executar, monitorar e controlar os trabalhos do projeto. Os pacotes de trabalho em questão, são as divisões em que o time de manutenção irá atuar, ou seja, quais serão as atividades principais que deverão ser executadas para que a intervenção seja executada corretamente. Como descrito anteriormente, este processo também necessita de um estudo prévio e de um planejamento, porém este artigo será apresentado o produto final deste processo, ou seja sua saída, apresentado na Figura 03 como os pacotes de trabalho do projeto.
Figura 3 - Pacotes de trabalho do projeto.
Fonte: (AUTOR, 2017)
Estes pacotes de trabalho, por sua vez, possuem atividades distintas onde as equipes de manutenção deverão atuar diretamente na execução do trabalho. As atividades de cada pacote de trabalho estão descritas na figuras 4.
Figura 4 - Atividades dos pacotes de trabalho do projeto
Fonte: (AUTOR, 2017)
Para o processo de definir as atividade do cronograma, foi utilizado o método de decomposição. Decomposição é uma técnica usada para dividir e subdividir o escopo do projeto e suas entregas em partes menores e mais fáceis de gerenciar. Estas atividades representam o esforço necessário para completar um pacote de trabalho. O método de opinião especializada também foi utilizado e segundo (PMI, 2013) Membros da equipe do projeto ou outros especialistas, que tenham experiência e habilidade no desenvolvimento de especificações detalhadas do escopo de projetos, em EAP e em cronogramas de projeto podem fornecer opiniões técnicas sobre a definição de atividades. No caso em questão, os participantes durante a aplicação deste método, já haviam realizado manutenções semelhantes anteriormente nos mesmos equipamentos.
2.3.2 - Estimar a duração das atividades
O PMBOK, referindo-se a estimativa da duração das atividades no projeto, diz que:
“A estimativa das durações das atividades utiliza informações sobre as atividades do escopo do trabalho, tipos de recursos necessários, quantidades estimadas de recursos e calendários de recursos. As entradas das estimativas de duração da atividade se originam na pessoa ou no grupo da equipe do projeto que está mais familiarizado com a natureza da atividade específica. A estimativa da duração é elaborada progressivamente, e o processo considera a qualidade e a disponibilidade dos dados de entrada. Por exemplo, à medida que dados mais detalhados e precisos sobre o trabalho de engenharia e planejamento do projeto tornam-se disponíveis, a exatidão das estimativas de duração melhora. Portanto, a estimativa da duração pode ser assumida como sendo progressivamente mais precisa e de melhor qualidade.” (PMI, 2013, p. 167).
Porém deve-se ressaltar que este processo, remete a uma estimativa, e que tais estimativas são usadas para o cálculo aproximado do número de períodos de trabalho (duração da atividade) necessário para concluir a atividade usando o calendário de projeto e de recursos apropriados. Todos os dados e premissas que suportam a estimativa são documentados para cada estimativa de duração de atividade (PMI, 2013). Deve-se então, buscar a melhor maneira para estimar a duração de atividades de acordo com o projeto que deverá ser executado. As informações para este tipo de estimativa podem surgir de acordo com a necessidade de cada projeto, entretanto, algumas ferramentas e técnicas são utilizadas com maior frequência nos projetos a nível global, onde pode-se citar, as técnicas de opinião especializada, a estimativa análoga, estimativa paramétrica, estimativa de três pontos, a tomada de decisão em grupo e a análise de reservas, como as principais ferramentas utilizadas para este processo.
As técnicas de opinião especializada, estimativa de três pontos foram utilizadas para este processo.
2.3.3 - Opinião especializada
A opinião especializada, guiada por informações históricas, pode fornecer informações sobre estimativas de duração ou durações máximas recomendadas para as atividades a partir de projetos anteriores similares.(PMI, 2013)
Os participantes do projeto, já realizaram tais atividades no passado, e por este motivo o auxílio tanto na definição das atividades quanto na estimativa de duração, torna-se essencial para uma boa continuidade no planejamento do projeto.
A opinião especializada entretanto, será utilizada para este projeto não como uma definição final da estimativa de duração das atividades, mas sim como fornecedora dos elementos para compor outra técnica, denominada estimativa de três pontos.
2.3.4 - Estimativa de três pontos
A estimativa de três pontos, aprimora a estimativa de duração das atividades, pois de maneira numérica e subjetiva incorpora uma estimativa de risco e incerteza. Isto contribui para que o valor da estimativa, seja um número muito próximo do valor final de execução. A estimativa de três pontos, baseia-se num cálculo, quem tem como variáveis, 3 valores estimados para a mesma atividade. Tais valores são descritos como:
- Mais Provável (tM);
- Otimista (tO);
- Pessimista(tP).
A estimativa mais provável, representa o valor considerado mais condizente com a realidade da execução, considerando recursos disponíveis, possíveis atrasos, falhas entre outros. A estimativa otimista, representa o valor, onde todos os recursos estão disponíveis com total produtividade, não haja falhas nem atrasos. Já a estimativa pessimista, busca o contrário da otimista, supondo que as atividades ocorram com problemas de recursos, falhas ou atrasos.
Para finalizar a estimativa pelo método de três pontos, (PMI, 2013) diz que, a duração esperada, tE pode ser calculada usando uma fórmula. Duas fórmulas comumente usadas são as distribuições beta e triangular. As fórmulas são:
•Distribuição triangular. tE = (tO + tM + tP) / 3
•Distribuição Beta (da técnica PERT tradicional). tE = (tO + 4tM + tP) / 6
3 – METODOLOGIA
Para realizar o processo de estimar a duração de atividades, foram realizadas as etapas em sequência:
- Definição das atividades (Previamente elaboradas);
- Elaboração da Planilha para coleta de estimativas;
- Coleta de estimativas, pelo método de opinião especializada;
- Calculo da média das estimativas para cada termo (tM, tP, tO);
- Cálculos de estimativa de 3 pontos;
- Definição da estimativa de duração das atividades.
4- RESULTADOS
Para a determinação das estimativas de duração das atividades, utiliza-se como citado anteriormente, duas técnicas. A técnica de opinião especializada, será utilizada para levantar os dados referente a estimativas primárias, de participantes da execução de atividades semelhantes anteriormente já executadas. Tais recursos utilizaram-se de uma planilha com as atividades previamente definidas de acordo com a figura 5, sendo necessário apenas fazer as estimativas baseado nas três estimativas (tM,tO,tP) para utilização na técnica de três pontos.
Figura 5 - Planilha de atividades - Consulta de estimativas
Fonte: (AUTOR, 2017)
Tais estimativas são tempo mais provável (tM), um valor para tempo otimista (tO), onde desconsidera-se possíveis erros e falhas, e um valor para tempo pessimista (tP), onde deve-se imaginar possíveis problemas ocorrendo durante a execução.
No total os especialistas que participaram do processo de estimativa foram de 12 pessoas, ou seja para cada uma das 38 atividades foram estimados 36 valores distintos, totalizando um banco de dados de 1368 valores distintos.
Para cada termo estimado, foi realizado o cálculo da média aritmética das 12 estimativas, por exemplo:
Atividade - Substituir Para-raios: tM1+tM2+tM3...tMn / n
Sendo:
tM – Valor em horas da estimativa da atividade
n – Número do especialista
Os resultados do cálculo são apresentados na Figura 06, nas tM, tO, e tP.
Figura 6 - Planilha de atividades com estimativas de duração em horas
Fonte: (AUTOR, 2017)
A partir dos dados obtidos com o cálculo da média aritmética dos resultados obtidos com a opinião especializada, foi então aplicado a técnica de estimativa de 3 pontos, com distribuição Beta.
A estimativa de três pontos, com distribuição beta, caracteriza-se pela equação descrita.
Onde:
tE = Duração esperada
tM= Duração mais provável
tO = Duração otimista
tP = Duração pessimista
A utilização da técnica dos três pontos forneceu os valores descritos na coluna tE, apresentados na Figura 6.
5 -CONCLUSÃO
As técnicas, utilizadas para a definição da duração de atividades, possibilitaram encontrar um valor mais assertivo, durante o processo de execução das atividades, se verificarmos os valores obtidos como tM, na figura 6, podemos verificar que a média do valor em horas estimados durante a coleta de estimativas como o tempo mais provável, é muito diferente do valor estimado com a técnica dos 3 pontos (tE). Tais valores podem gerar um atraso na entrega do projeto, podendo fazer com que a manutenção prolongue mais do que o previsto, isto implica em sérios problemas produtivos, como por exemplo a entrega de produtos da linha de produção da empresa.
Como trabalhos futuros, é pretendido utilizar novamente da técnica dos 3 pontos, aliado também a técnica de estimativa análoga, pois a manutenção descrita no artigo providencia um histórico dos valores de execução, que também serão base para uma discussão com os especialistas da empresa.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PMI. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. 5a ed. ed. EUA: [s.n.].
PINTO, Alan Kardec; XAVIER, Julio A. Nascif. Manutenção, função estratégica. 4ªed. Qualimark, 2012.
PEREIRA, Mario Jorge. Engenharia de Manutenção – Teoria e Prática.1ªed.Ciência Moderna, 2009.
TROJAN, Flávio; MARÇAL, Rui F.M.; BARAN, Leandro R. - Classificação dos tipos de manutenção pelo método de análise multicritério electre tri . Simpósio brasileiro de pesquisa operacional. Natal/RN, 2013.
Somente ASSINANTES da Revista Manutenção podem BAIXAR o arquivo e a assinatura é gratuita. ASSINAR
APRESENTAÇÃO:
Engenheiro Mecânico e professor universitário no curso se Engenharia Mecatrônica, na Faculdade SATC (FASATC) – Criciúma/SC. Tendo atuado em diversos ramos industriais na área de manutenção e gerenciamento de ativos.
FORMAÇÃO ACADÊMICA E EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:Mestrando em Energia e Sustentabilidade na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em gestão de projetos pela Universidade do Extremo Sul catarinense (UNESC), e Graduado em Engenharia Mecânica pela Faculdade SATC (FASATC). Atua a mais de dez anos nos processos de manutenção, desenvolvimento de projetos, otimização de custos de manutenção, Melhoria contínua, aumento da confiabilidade dos ativos e também na implementação de sistemas de gerenciamento de manutenção.
