Desafios profissionais dedicados a um sistema de gestão de ativos
Desafios profissionais dedicados a um sistema de gestão de ativos

Desafios profissionais dedicados a um sistema de gestão de ativos

Com o advento das normas dedicadas à implementação de um Sistema de Gestão de Ativos, PAS 55 e ISO 55.000, os profissionais dos mais diversos níveis hierárquicos passam a ter um nível de responsabilidade cada vez maior, seja de qual área for sua atividade profissional. 

Resumo

Com o advento das normas dedicadas à implementação de um Sistema de Gestão de Ativos, PAS 55 e ISO 55.000, os profissionais dos mais diversos níveis hierárquicos passam a ter um nível de responsabilidade cada vez maior, seja de qual área for sua atividade profissional. 

Estas normas são embasadas no princípio de ACCOUNTABILITY, ou seja, é um conjunto de ações sistemáticas com a necessidade de apoio e participação de toda a estrutura organizacional. 

Pilares da accountability

Todos sabemos que o elo de extrema importância para a empresa é o SER HUMANO. Entretanto, ele pode ser também o elo mais fraco se não estiver devidamente preparado e atualizado. 

Em nosso país, tais normas tiveram sua porta de entrada através das estruturas de manutenção, pois foram capitaneadas pela ABRAMAN – Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos. Assim, discutiremos sob o ponto de vista de tais estruturas. Obviamente, o presente texto é válido para todas as organizações empresariais.

A grande questão agora é: até que ponto nossos profissionais estão preparados para tamanho desafio? 

 1.Status da situação

Profissional

Vivo desde muito tempo no ambiente de cursos de pós-graduação, ministrando disciplinas no âmbito da Gestão da Manutenção e Gestão de Ativos.

Infelizmente, com o passar dos anos, o preparo de nossos profissionais deixou de acompanhar as necessidades urgentes do mercado que rapidamente vem evoluindo sem que os cursos de graduação e pós-graduação o acompanhem a contento.

Para piorar um pouco a situação, somos um país de dimensões continentais, com estruturas culturais das mais diversas e obviamente de costumes também.

Somos oriundos de estruturas empresariais onde tínhamos e ainda temos uma figura forte de chefia, onde as decisões são tomadas muitas vezes sem qualquer participação dos colaboradores que estarão envolvidos nas atividades a serem desempenhadas.

Empresarial

Ao longo dos últimos anos, grande parte das empresas brasileiras iniciaram a prática do desenvolvimento e aplicação do planejamento estratégico, definindo MISSÃO, VISÃO, VALORES, FRASE TEMA, POLÍTICA DE SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO etc.

Apesar de desenvolvermos estudos sobre o tema, sua prática no GEMBA ainda é muito pequena, ou mesmo insuficiente. 

Realizo pesquisas constantes com grupos mensais de profissionais e posso constatar tal situação. Mesmo com o desenho estratégico definido, inexiste o conhecimento e a prática adequada do que foi definido. Piora quando for mais próximo à base da pirâmide da organização estivermos.

2.Introdução

Como apontado no item anterior, STATUS DA SITUAÇÃO, e se tivermos a oportunidade de agregar a esse artigo as diversas experiências dos leitores que terão acesso a este, podemos efetivamente constatar que vivemos momentos de imensos desafios a serem suplantados.

O objetivo aqui, não é definir uma saída explícita ou mesmo uma proposta única de ações a serem desenvolvidas, mas sim colocar sugestões do que podemos fazer para melhorar nosso “status quo”.

Sendo assim, considerando hoje um profissional de engenharia de manutenção como base para darmos início a uma proposta de desenvolvimento, temos as seguintes necessidades mínimas a serem atendidas:

  • Desenvolvimento de estudos e pesquisas na busca da otimização das atividades de manutenção;
  • Elaboração e controle dos planos de investimentos e despesas;
  • Estudos de viabilidade econômica para compras em geral;
  • Especificação e compra de peças de reposição;
  • Aplicação de conceitos práticos de análise de falha;
  • Efetuar chamadas de assistência técnica;
  • Elaborar e acompanhar cadernos de encargos;
  • Desenvolver novos parceiros;
  • Realizar o acompanhamento de serviços de terceiros e controle de faturas e respectivas aprovações;
  • Elaborar planos de manutenção preventiva / preditiva;
  • Efetuar planos de melhoria das atividades de manutenção;
  • Elaborar gráficos de disponibilidade para detecção de falhas e propor frequências de manutenção;
  • Visitar empresas para troca de informações;
  • Realizar o planejamento de treinamentos;
  • Elaborar programas de limpeza técnica de máquinas, equipamentos e instalações; 
  • Estudar e viabilizar as necessidades de serviços de apoio às áreas de produção, planejamento e progresso das atividades;
  • Elaborar planos de inspeção diária, mensal, semestral e anual para máquinas, equipamentos e instalações;
  • Acompanhar os trabalhos de escritório e sistemas de controle informatizados de projetos e manutenção fazendo sua correta administração;
  • Acompanhar os trabalhos e assistir técnicos e tecnólogos;
  • Participar de reuniões de planejamento e produção.

Ufa!!!! 

Devem estar com certeza pensando, já são muitas as atividades desenvolvidas pelo profissional de engenharia de manutenção.

Agora, resta-nos ainda lembrar que estas atividades / responsabilidades apontadas, devem ser alinhadas com a tais competências técnicas que minimamente devem ser:

  • Missão, Visão e Valores e Frase Tema
  • Políticas de Gestão, Indicadores e Auditoria; 
  • Planejamento Estratégico (SAMP); 
  • PPCM / Planejamento Tático e Operacional;
  • Manutenção Corretiva, Preventiva e Preditiva dos Ativos
  • Gestão de Pessoas por Competência / Conhecimento Humano;
  • Ferramentas de Avaliação de Desempenho Pessoal e Grupo;
  • Produtividade (5 ´S, MPT, MCC, 6 Sigma, WCMan, WCMain);
  • Lean Management – Kaizen
  • Terceirização (Processos e Serviços); 
  • Análise de Problemas e Tomada de Decisões – Metodologias diversas;
  • Confiabilidade e Mantenabilidade – NBR 5462 
  • Gestão da Qualidade - NBR ISO 9.000
  • Gestão do Meio Ambiente (Sustentabilidade) - NBR ISO 14.000;  
  • Gestão de Seg. Trabalho e Saúde Ocupacional – NBR 45.000 / NR´s.

Desenvolva agora sua carreira com os cursos da Revista Manutenção Edu

Considerando que ao falarmos das tais competências técnicas, precisamos obviamente das competências comportamentais.

O que dizer delas???

Infelizmente, como dito no início do artigo, somos ainda fortemente embasados no modelo de termos um CHEFE e não um LÍDER, portanto, as tais competências comportamentais deixam um tanto a desejar. Existem, mas precisam ser valorizadas.

Diferença entre chefe lider

O que quero dizer com o até agora apresentado?

Simples, temos um bom preparo para dirigir pequenos barcos, que pouco necessitam de uma base de preparo elevada, ou seja, exigem basicamente aspectos técnicos, considerando praticamente desnecessária a base comportamental.

Dirigir pequenos barcos

Com o desenvolvimento empresarial, muitas outras funções foram se mostrando necessárias, e obviamente com o crescimento das empresas causam novos desafios (Figura 2).

Desafios de cada funcao na liderança

O velho CHAR – Conhecimento, Habilidades, Atitudes e Resultados voltam à baila e as empresas e profissionais começam a recuperar a estrada que leva a melhores resultados.

Metodologia char

Quanto mais tecnologia é incorporada e maiores se tornam as empresas, maiores são as necessidades de conhecimento e gestão por parte dos profissionais que as comandam (Figura 3).

3. Recomendação para desenvolvimento e atualização profissional 

Quais são as competências técnicas para os executivos e profissionais de manutenção para o novo ambiente de gestão de ativos?

Competências Técnicas

  • Missão, Visão e Valores e Frase Tema;
  • Políticas de Gestão, Indicadores e Auditoria; 
  • Planejamento Estratégico (SAMP); 
  • PPCM / Planejamento Tático e Operacional;
  • Empreendedorismo e Criatividade;
  • Gestão de Pessoas - por Competência / Conhecimento Humano;
  • Ferramentas de Avaliação de Desempenho Pessoal e Grupo;
  • Confiabilidade e Mantenabilidade – NBR 5462
  • Gestão da Qualidade - NBR ISO 9.000
  • Gestão do Meio Ambiente (Sustentabilidade) - NBR ISO 14.000;
  • Gestão de Riscos – NBR ISO 31.000
  • Gestão de Seg. Trabalho e Saúde Ocupacional – NBR 45.000
  • Gestão da Auditoria e Indicadores – NBR 19.011
  • Gestão de Energia – NBR 50.000
  • Gestão de Ativos – (PAS 55) NBR ISO 55.000
  • Gestão Financeira, Custos e Investimentos / OPEX-CAPEX / Ciclo de Vida;
  • Administração de Estoques e Almoxarifados;
  • Produtividade (5 ´S, MPT, MCC, 6 Sigma, WCMan, WCMain);
  • Lean Management – Kaizen
  • Organização, Informatização e Controle dos ativos;
  • Gestão de Facilities;
  • Gestão da Logística
  • Manutenção Corretiva, Preventiva e Preditiva dos Ativos
  • Terceirização (Processos e Serviços);
  • Análise de Problemas e Tomada de Decisões – Metodologias diversas;
  • Negociação;
  • Marketing e Inovação em Serviços;
  • Responsabilidades Legais que envolvem Gestão dos ativos;

Na proposta acima, fica claro que apenas o curso de graduação no âmbito da engenharia é insuficiente para atender às demandas atuais.

Fica, portanto, demonstrado que o profissional oriundo da graduação deverá, no caso de se interessar por uma área de gestão de ativos, com a finalidade de implementar um Sistema de Gestão de Ativos, deverá obrigatoriamente realizar no mínimo um curso de pós-graduação. Eu disse, no mínimo!!!

Como não poderíamos deixar passar, o mundo mudou, e precisamos nos adaptar urgentemente a essa nova situação.

Portanto, precisamos efetivamente dedicar tempo para o desenvolvimento de competências comportamentais que hoje são extremamente necessárias para bem conduzir o ambiente empresarial.

Competências comportamentais 

  • Saber OUVIR. Fazer a escuta ativa
  • Saber OBSERVAR para ver com novos olhos
  • Saber QUESTIONAR para alcançar melhores resultados
  • Saber se colocar no lugar do outro. Praticar a EMPATIA
  • Saber se ASSOCIAR E CONECTAR diferentes perspectivas
  • Ser MINDFULNESS
  • Saber CRIAR
  • Saber EXPERIMENTAR
  • Saber trabalhar em REDE
  • Saber ANALISAR 
  • Ter SENTIDO DE URGÊNCIA. Gerenciamento do Tempo e Prioridades
  • Saber Planejar
  • Saber COMUNICAR de maneira eficaz
  • Ter a ORIENTAÇÃO a detalhes
  • Ter AUTODISCIPLINA
  • Possuir AMBIDESTRIA
  • Ser um MAKER (DO IT YOURSELF)
  • Saber LIDERAR a mudança

Com certeza, muitos estão perguntando, será que parou por aí?

Pois bem, na minha opinião, ainda não. Vejamos!!!

Todos somos o resultado de milhares e milhares de pessoas que nos antecederam ou que conosco ao longo dos anos conviveram. Ninguém é o resultado de UM, mas de milhares. Somos seres únicos que na realidade é o resultado de muitos.

Nossa história começou há milhões e milhões de anos. 

Assim, se me permitem, entendo ser importantíssimo agregarmos ao nosso ambiente empresarial, valores de espiritualidade.

A primeira vez que escrevi sobre o tema, foi nos idos anos de 2003 / 2004, e hoje percebo que algumas empresas praticam tal tema em suas atividades, mas com certeza são poucas.

Vejam, me refiro à espiritualidade e não à religião. Afinal, cada um tem a sua e devemos assim respeitar. Entretanto, a base é semelhante para todas e, portanto, podemos assim iniciar por dizer que todas as questões da espiritualidade estão embasadas no AMOR.

Quero deixar claro portanto que devemos nos obrigar a atuar em três níveis, a saber: CORPO, MENTE e ESPÍRITO.

Já falamos dos aspectos Técnicos e Comportamentais. Quero agora tecer a proposta a ser trabalhada nas empresas de maneira mais efetiva.

Competências Espirituais 

  • Amar;
  • Servir;
  • Cuidar;
  • Integridade;
  • Altruísmo,
  • Paz;
  • Paciência;
  • Otimismo;
  • Motivação;
  • Lealdade;
  • Honestidade;
  • Felicidade,
  • Fidelidade;
  • Entusiasmo;
  • Alegria;
  • Humildade;
  • Respeito;
  • Sabedoria;
  • Perdão.

AMAR, representa amar a si, ao próximo e permitir ser amado.

CUIDAR, significa cuidar de si, do próximo e permitir ser cuidado.

Quanto aos demais tópicos, tenho plena certeza de que todos os conhecem e os praticam, pelo menos no ambiente familiar.

Assim, tais recomendações feitas, podemos dizer que estaremos preparados para gerenciar adequadamente barcos cada vez maiores (Figura 4).

Dirigir barcos grandes

Se desejamos angariar cada vez mais e melhores resultados em nossas empresas precisamos agir estrategicamente e isso significa, tomar decisões assertivas.

Tudo na vida é uma questão de Livre Arbítrio.

Ou uma questão de Estratégia,

ou ainda de FAZER ou NÃO FAZER.

Conclusão

As estruturas empresariais exigem cada vez mais competências. Portanto, os profissionais devem e precisam primar por sua evolução, sem o que com certeza deixarão de contribuir de maneira adequada e assertiva para a solução dos desafios vindouros.

Assim, para permear em ambientes complexos, desenvolver os aspectos pertinentes às competências técnicas, comportamentais e espirituais tornou-se imperativo.

Desta maneira, a única solução para estar a par e passo com a evolução, é necessário manter-se atualizado, aproveitando todas as oportunidades disponíveis, sejam no ambiente empresarial e social, seja nos diversos ambientes dedicados ao desenvolvimento espiritual.

Como última recomendação, saia de sua zona de conforto e vá em direção ao conhecimento que pode ser infinito.

Referências Bibliográficas 

AZEVEDO, Celso de. Se as máquinas falassem. São Paulo: Saraiva, 2007.

BARKER, Joel Arthur. Paradigms - The Business of discovering the future. New York: W. Morrow, 1992.

BRAIDOTTI Júnior, José Wagner. Entendendo a gestão de ativos (ISO-55001) na prática. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2020.

BRAIDOTTI Júnior, José Wagner. Anatomia do PPCM. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2021.

CORDEIRO, João. Accountability: a evolução da responsabilidade pessoal. São Paulo: Évora, 2013

FRANCISCHINI, Andresa S. N., FRANCISCHINI, G. Paulino. Indicadores de desempenho. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2017.

IMAI, Massaki. Gemba. kaizen: Uma abordagem de bom senso à estratégia de melhoria contínua 2. ed. São Paulo, SP: Bookman, 2014.

KARDEC, A. ZEN, M. G. Coleção manutenção - Gestão estratégica e fator humano. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.

KARDEC, A., NASCIF, J. Manutenção - Função estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

LAFRAIA, João Ricardo Barusso. Vivendo a gestão de ativos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2015.

MORTELARI, Denis. RCM na quarta geração da manutenção. São Paulo: RG Editores, 2014.

SOUZA, Valdir Cardoso de. Organização e Gerência de Manutenção. São Paulo: All Print, 2013.

ZEN, Milton Augusto Galvão. Fator humano na manutenção. Rio de Janeiro, QualityMark, 2004.

ZEN, Milton Augusto Galvão Zen. Slides de aula. Pós-graduação Gestão da Manutenção e Ativos. Várias disciplinas. São Paulo: FEI, 2019.

ZEN, Milton Augusto Galvão Zen. Slides de aula. Pós-graduação Gestão da Manutenção. Disciplina Avaliação Desempenho da Manutenção – Auditoria e Indicadores. Goiânia: IPOG, 2022.

ZEN, Milton Augusto Galvão Zen. Slides de aula. Pós-graduação Gestão da Manutenção. Disciplina Gestão de Ativos, PAS 55 e NBR ISO 55.000. São Luís: NAVIGARE / FATEC Pr. 

 

milton-zen Desafios profissionais dedicados a um sistema de gestão de ativos - Revista Manutenção

   Redes sociais: 
linkedin Desafios profissionais dedicados a um sistema de gestão de ativos - Revista Manutenção
 
youtube Desafios profissionais dedicados a um sistema de gestão de ativos - Revista Manutenção
 
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.




APRESENTAÇÃO:

Eng. Eletricista, pós graduado em administração de empresas, engenharia de segurança do trabalho e presidente e CEO da MAGZEN Desenvolvimento & Educação.

Desenvolvedor Web e Webdesigner, é responsável pelo design, layout, diagramação, identidade visual e logomarca da Revista Manutenção.

FORMAÇÃO ACADÊMICA E EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:

Profissional graduado em engenharia elétrica pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Durante sua jornada já teve experiências em diversos setores como: diretor Nacional da Abraman por dois anos, Project Manager, Maintenance Manager, Stamping Manager, Safety & Security Manager pela Mercedes-Benz por 27 anos e atualmente é coordenador e professor do Curso de Pós-Graduação de Gerenciamento de Manutenção e Ativos da FEI, Professor do curso de Pós-Graduação de Gestão da Manutenção do IPOG e do NAVIGARE e Coordenador do CEAGRAM - Centro de Estudos Avançados de Gestão de Riscos, Ativos e Manutenção.


loading Desafios profissionais dedicados a um sistema de gestão de ativos - Revista Manutenção Não há mais arquivos para exibir