A relevância das práticas ESG está cada vez mais latente. A sigla, cujo objetivo é promover melhores ações no mercado relacionadas à governança ambiental, social e corporativa, possui um papel importante para as indústrias no cenário atual.
Para além de simbolizar a busca por produções mais ecológicas e sustentáveis, a implementação de ações ESG apresenta uma nova forma de avaliar o desempenho das indústrias. O olhar para as empresas transcende a visão financeira e alcança os princípios definidos pela sigla.
Assim, colocar em prática o ESG dentro da indústria significa trabalhar a sustentabilidade dentro da estratégia corporativa. Os objetivos centrais são a mitigação de impactos negativos, promoção de impacto positivos, redução de riscos e criação de valor de longo prazo. Ademais, também se adiciona a possibilidade de maior inovação e de mais competitividade para a empresa dentro do mercado, atraindo mais investimentos, por exemplo.
Por onde começar as práticas ESG?
Para Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a primeira etapa é ter o conhecimento prévio. “Deve envolver, de forma pragmática, o entendimento do que é (e o que não é) a perspectiva ESG e a definição de prioridades (temas materiais) junto aos diferentes públicos com os quais a organização interage”, afirma o superintendente. Desse modo, é de extrema importância o estudo sobre o assunto aliado a treinamentos para a equipe em sua totalidade.
Em seguida, para ingressas efetivamente a indústria nas abordagens ESG, é primordial a identificação dos temas ambientais, sociais e de governança de mais relevância para a organização e partes interessadas. Conforme Bomtempo, assim a empresa é capaz de mirar em seus objetivos e traçar estratégias factíveis. Pode-se prever os impactos do negócio em curto, médio e longo prazo, além de estabelecer metas, indicadores e planos de ação palpáveis, junto de relatórios e reportes de transparência para a comunidade.
Os obstáculos do ESG na indústria
Em junho de 2022, a CNI fez uma consulta com 100 empresários e constatou as principais dificuldades enfrentadas quanto à implementação do ESG em suas indústrias. Elas são: carência de recursos humanos dedicados ao tema; falta de entendimento sobre os critérios e sobre como instituí-los; ausência de termos padronizados; falta de fornecedores e parceiros que cumpram os critérios; e custos elevados para implementação.
Diante dos obstáculos relatados, Bomtempo afirma: “Conhecimento, mobilização e qualificação são alguns dos temas nas quais as organizações mais têm que empreender esforços em suas jornadas ESG, em especial as empresas de pequeno e médio porte”. Em relação às pequenas e médias indústrias, uma pesquisa feita pela CNI com esse público e 2023 aponta que quase 30% das 540 empresas consultadas ainda não conhecem o conceito de ESG. Para esse grupo de empresas, a dimensão mais difícil de ser implementada é a de governança corporativa.
Dicas para a sua indústria
Bomtempo listou três dicas fundamentais para implementar de modo efetivo as práticas ESG na sua indústria. De início, o ESG deve estar fortemente integrado às estratégias da organização. “ESG deve estar no core business da organização”, destaca ele. Assim, é possível trazer as questões de sustentabilidade para a cultura organizacional.
O investimento na cadeia de valor é outro ponto levantado pelo especialista. Ao analisar com uma visão mais sistêmica, é possível reparar que as micro, pequenas e médias indústrias têm papel fundamental nas jornadas ESG de todas as empresas. Portanto, “é uma grande oportunidade para se refletir de que forma as empresas industriais de menor porte podem, cada vez mais, se incluir e ser incluídas neste processo”, avalia Bomtempo.
Para finalizar, a demonstração de resultados e processos é essencial. Isso deve ser feito por meio de reportes transparentes e que integrem questões financeiras e de sustentabilidade. Desse modo, além de atender às legislações e normas, as indústrias também adquirem “o potencial de promover maior transparência corporativa e geração de valor de longo prazo”, encerra Bomtempo.