A atividade industrial do Brasil alcançou seu ponto mais alto em quase dois anos em fevereiro, impulsionada por uma forte melhora na demanda, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, em inglês) da S&P Global.
Os últimos dados divulgados pela S&P Global na última sexta-feira (2) revelaram que o PMI da indústria brasileira subiu para 54,1 em fevereiro, ante 52,8 em janeiro, marcando o nível mais alto em 20 meses. O índice, que separa crescimento de contração, indica uma robusta expansão da atividade industrial.
Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, comentou que os dados de fevereiro são promissores para o setor industrial brasileiro. Ela destacou que os aumentos significativos nas encomendas e na produção sugerem um cenário positivo para o desempenho econômico no trimestre atual.
O levantamento também mostrou que as indústrias brasileiras registraram um segundo mês consecutivo de aumento na entrada de novos trabalhos, atingindo o ritmo mais forte desde julho de 2021. No entanto, as vendas internacionais diminuíram, principalmente na América do Sul, com fraqueza adicional observada na Europa, Japão e Estados Unidos.
Para lidar com a demanda crescente, os produtores aumentaram os volumes de produção para o nível mais alto em mais de dois anos e meio, investindo em maquinário e tentando reconstruir estoques. Como resultado, o setor industrial contratou mais funcionários de forma permanente em fevereiro, registrando o nível mais forte de emprego em mais de um ano e meio.
Embora os custos dos insumos tenham aumentado, a inflação no setor permaneceu abaixo da média de longo prazo. Alguns produtores optaram por repassar parte desses custos aos clientes, resultando em um aumento moderado nos preços cobrados. A falta de pressão nas cadeias de oferta ajudou a conter a inflação de insumos, com os tempos de entrega aumentando apenas ligeiramente. Os atrasos foram atribuídos à lentidão nos fretes internacionais, escassez de matéria-prima e bloqueio de importações.
Olhando para o futuro, os produtores brasileiros estão otimistas devido à inflação controlada e à redução da taxa de juros, além das expectativas positivas para a demanda e o lançamento de novos produtos. Embora o Banco Central tenha indicado uma política de afrouxamento monetário, a taxa Selic permanece em 11,25%, um nível ainda restritivo para a atividade econômica.